sexta-feira, 13 de maio de 2011

As máscaras de únicos amigos

Há tanto tempo precisávamos de um amigo, que nada havia... Não é que eu não tivesse amigos de longa data, mas esse meu amigo tinha talento para a crueldade, ele todo era pura vingança, sempre chupando balas com barulho, até que então veio para ele o magno dia de exercer sobre mim uma tortura chinesa, é verdade que houve uma pausa no curso das coisas, uma trégua que nos deu mais esperanças do que em realidade caberia. Se tudo isso era inteligente, não sabia, mas afinal o que nós queríamos? Nada, estávamos fatigados e desiludidos um do outro.
     Havia máscaras, e elas? Bom, eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque elas vinham de encontro à minha mais profunda suspeita... Isto é, que o ser humano também fosse uma espécie de máscara.
     Estávamos velhos sequinhos já não parecíamos compreender o que estava no mundo, nossos corpos pequenos, escuros embora um dia tivessem sido altos e claros. Achavam, os outros, graça de velhos vivendo de caridade, talvez por falta de tempo ninguém nunca toque neste assunto... Arnaldo, aquele meu amigo, meu talvez único amigo, não estava mais comigo... Neste momento o céu estava altíssimo, sem nenhuma nuvem. E tinha muitos passarinhos que voavam do abismo para a estrada. A estrada branca de sol se estendia sobre um abismo verde, então como eu já estava cansado, encostei a cabeça no tronco da árvore e, morri.

By: Carolina Veiga e Evelyn Regina